Retirada do Plano Nacional de Educação no ano passado,
a “Ideologia de Gênero” volta à carga de modo mais sutil: querem inserir
essa perniciosa ideologia nos planos municipais e estaduais de educação. O MEC
instrui as secretarias de educação de todos os municípios e Estados a inserir “gênero”
e “orientação sexual” nos planos de educação, como critérios para a
implementação de políticas educacionais. Em
muitos municípios, este processo está acontecendo sem a participação dos
principais interessados, que são os pais e os educadores. A não participação da
sociedade civil na escolha do modelo de educação fere o direito das famílias de
definir as bases da educação que desejam oferecer a seus filhos.
As
expressões “gênero” ou “orientação sexual” referem-se a uma ideologia que
procura encobrir o fato de que os seres humanos se dividem em dois sexos. Segundo
essa corrente ideológica, as diferenças entre homem e mulher, além das
evidentes implicações anatômicas, não correspondem a uma natureza fixa, mas são
resultado de uma construção social. Seguem o célebre aforismo de Simone de
Beauvoir: “Não se nasce mulher, fazem-na mulher”. Assim, sob o vocábulo
“gênero”, é apresentada uma nova filosofia da sexualidade.
Negar
a biologia e a psicologia é negar a ciência! A escola deve ter compromisso com
a verdade, fomentando o conhecimento da realidade e não doutrinando os alunos
com ideologias. O papel da educação deve ser o de fomentar o conhecimento da
realidade, não a sua desconstrução, ou a neutralização das características
psicológicas e biológicas dos meninos e das meninas. Devemos ensinar os nossos
filhos e alunos a respeitar as pessoas, independentemente do sexo, raça,
condição social, etc., mas isso não quer dizer confundi-los com uma ideologia
como essa. Na verdade, os que adotam o termo gênero não estão querendo
combater a discriminação, mas sim “desconstruir” a família, o matrimônio e a
maternidade e, deste modo, fomentam um “estilo de vida” que incentiva todas as
formas de experimentação sexual desde a mais tenra idade.
Além desses
dados da ciência e da lei natural, a doutrina católica nos ensina, sobre o nosso
dever em relação à própria identidade sexual: “Deus criou o ser humano, homem e
mulher, com igual dignidade pessoal e inscreveu nele a vocação do amor e
da comunhão. Cabe a cada um aceitar a própria identidade sexual,
reconhecendo sua importância para a pessoa toda, a especificidade e a
complementaridade” (Compêndio do CIC, 487). Com a ideologia de gênero, “deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da
criação: «Ele os criou homem e mulher» (Gn 1, 27)... O homem contesta a sua própria natureza... E torna-se
evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se também a dignidade do homem”
(Bento XVI, discurso à Cúria Romana, 21/12/2012). O Papa Francisco, esta
semana, falou da “beleza do matrimônio”, com a “complementaridade homem-mulher,
coroação da criação de Deus que é desafiada pela ideologia do gênero” (Disc. aos
Bispos porto-riquenhos, 8/6/2015).
Com a separação entre gênero e sexo, ensina-se uma nova forma de dualidade, que ameaça a dignidade humana. A perfeita unidade entre a alma e o corpo se desfaz, o corpo tendo um sexo e a alma outro. A harmonia humana é desfeita. Não se estará assim fabricando desequilibrados mentais?
DOM FERNANDO RIFAN
Nenhum comentário:
Postar um comentário