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Por Adhemir Marthins

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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

ÁLCOOL, FESTAS E PROMOÇÕES: ESSA MISTURA NÃO EVANGELIZA.


Por que a Igreja no Brasil está banindo o álcool de suas festas e promoções? Porque são muitas as pessoas que, ao participarem delas, se embriagam, com conseqüências maléficas para si mesmas, para a comunidade, para a família, para a sociedade. Quantas mortes, acidentes e brigas já aconteceram por que alguém bebeu mais do que devia numa festa religiosa? Já passou o tempo de colocar um ponto final nessa tragédia que escandaliza e fere a todos nós. Todas as pessoas que participam das festas e promoções se embriagam? Não. Muitas não ingerem bebidas alcoólicas, e outras bebem com moderação. Para uns, alguns goles trazem poucos transtornos, para outros basta uns poucos para que percam o controle de si mesmos. Bom, se são poucos os que se embriagam, por que a Igreja está banindo totalmente o álcool dos eventos que promove? Pelos seguintes motivos:


1.      A vida é sagrada. Sempre que ela é ferida, diminuída ou destruída, prejudicamos àqueles a quem devemos amar incondicionalmente, inclusive a nós mesmos. Quem peca contra a vida agride ao outro e a Deus.

2.      O álcool é droga que mata. Como podemos celebrar a vida oferecendo o que conduz à morte? E isso em nome da evangelização?

3.      Se uma pessoa tem sua vida diminuída ou, pior ainda, destruída, a festa como um todo, por melhor que tenha sido, se torna instrumento de morte.

4.      O fim não justifica os meios. Isto é, alimentar o vício não justifica a arrecadação ou até mesmo a confraternização – necessárias para desenvolver a ação evangelizadora.

5.      Pode acontecer que alguém aprenda a ingerir bebidas alcoólicas nas festas de Igreja, já que elas são quase “familiares” e onde a vigilância é menor do que em outras festas sem que pais ou responsáveis pela festa percebam.

6.      Porque uma ou poucas pessoas embriagadas, numa festa de Igreja, além do escândalo que causam e da vergonha que trazem à família, atingem diretamente a credibilidade da Igreja enquanto Instituição e como comunidade que tem o dever de preservar e promover a vida.


Mas se não se embriagarem nas festas das comunidades, irão se embriagar em outros lugares? É verdade. Porém, a Igreja é comunidade, espaço e lugar de vida. Por isso ela deve agir com coerência, sem alegar que em outros lugares há bebida alcoólica à vontade. Além da coerência, a Igreja é SINAL que chama a atenção da sociedade em que está inserida para o perigo das bebidas alcoólicas. Outra pergunta ainda pode ser feita para justificar um erro, a contradição. A extinção de bebidas alcoólicas nas festas de Igrejas não diminuirá a arrecadação que sustenta a evangelização e as obras em andamento? Não, porque muitas comunidades já fizeram a experiência e, não só não tiveram diminuição na arrecadação, como ainda criaram um ambiente mais familiar e fraterno, fazendo da festa uma celebração da vida. A reflexão necessária a ser feita é que a comunidade deve investir mais no dízimo e nas ofertas espontâneas, assumindo de forma corresponsável a missão de evangelizar. Se até aqui resistimos e buscamos argumentações contrárias, com a palavra os Bispos do Brasil:


“A Paróquia como comunidade servidora e protetora da vida, tem condições de favorecer a educação para o pleno exercício da cidadania e implantar uma pastoral em defesa da integridade da Terra e do cuidado com a biodiversidade. Algumas iniciativas não são fáceis de serem aplicadas, mas são urgentes. Uma delas é evitar a comercialização e o consumo de álcool nos espaços da comunidade. Especialmente nas festas dos padroeiros e outros eventos religiosos, a venda de bebida alcoólica contrasta com os programas de defesa da vida e combate a drogadização que a Igreja promove. Uma das drogas mais ameaçadoras da sociedade é o álcool. Entretanto, algumas Paróquias, em razão de questões financeiras, obras em andamento, culturais ou porque ‘sempre foi assim’ caem nessa contradição grave. Será preciso encontrar saídas alternativas para a manutenção da comunidade, como a partilha do dízimo. É urgente a conversão das comunidades paroquiais para evitar o contratestemunho de promover o consumo de álcool em quermesses ou outras atividades recreativas da comunidade.” (CNBB, Comunidade de comunidades: uma nova paróquia/A conversão pastoral da paróquia, Edições CNBB, 2014, nn. 285-286).


FONTE: Coleção Questionamentos. Padre Cristovam Iubel. Editora Pão e Vinho.

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