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Por Adhemir Marthins

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quinta-feira, 9 de julho de 2015

A SANTA MISSA (3)

A MISSA... O SACRIFÍCIO

            Quando celebramos juntos a Santa Missa, temos claro para nós que estamos diante do Cordeiro, portanto sabemos por quem estamos lá. Mas se também queremos fazer a experiência da Missa como o “céu na terra”, como nos diz São João Paulo II, é preciso que entendamos o que de fato o Cordeiro é, e por que o chamamos “Cordeiro”.
            “Para o antigo Israel, o cordeiro era identificado com o sacrifício, e o sacrifício é uma das formas mais primitivas de culto.” Sacrifícios com derramamento de sangue de animais. Se lermos atentamente alguns livros do Antigo Testamento vamos nos deparar com vários deles, principalmente no livro do Gênesis. Mas alguns comumente vem até nós no decorrer do ano litúrgico. “Dos sacrifícios do Gênesis, dois merecem a nossa mais cuidadosa atenção: o de Melquisedeque (Gn 14,18-20), e o de Abraão e Isaac (Gn 22).” Vale à pena fazermos uma leitura destas citações.
            Com base nestes dois sacrifícios do Gênesis é possível entender Jesus como Sacrifício no Novo Testamento. “ Gênesis descreve Melquisedeque como rei de Salém, uma terra que se tornaria mais tarde “Jeru-Salém”, que significa “Cidade da Paz” (Sl 76,2). Jesus surgiria um dia como rei da Jerusalém celeste e, de novo, como Melquisedeque, “Príncipe da Paz.” Finalmente o sacrifício de Melquisedeque foi extraordinário na medida em que não envolvia animais. Ele ofereceu pão e vinho, como Jesus faria na Última Ceia, quando Ele instituiu a Eucaristia. O sacrifício de Melquisedeque terminou com uma bênção sobre Abraão.” Indo agora para o sacrifício de Abraão, ele mesmo iria visitar o local de Salém, alguns anos depois quando Deus o chamou para fazer um sacrifício. Então ele toma seu filho Isaac e sobe até o monte Moriá para oferecer o próprio filho em holocausto. (Ler Gn,22).
            “Os cristãos mais tarde, olharam para a história de Abraão e Isaac como uma profunda alegoria para o sacrifício de Jesus na cruz. As semelhanças eram muitas. Em primeiro lugar, Jesus, como Isaac, era o único filho amado de seu pai fiel. Novamente, como Isaac, Jesus carregou morro acima a madeira para o Seu próprio sacrifício, que seria consumado em uma colina de Jerusalém. Na verdade, o local onde Jesus morreu, o Calvário, foi um dos morros da cadeia de Moriá. Além disso, a primeira linha do Novo Testamento identifica Jesus como Isaac, como “o filho de Abraão” (Mt 1,1). Para os leitores cristãos as palavras de Abraão se mostraram proféticas. “Deus providenciará a si mesmo, o Cordeiro, para o holocausto.” (Gn 22,8). O Cordeiro prenunciado era, claro, Jesus Cristo, o próprio Deus – “a fim de que a bênção de Abraão em Cristo Jesus se estenda aos gentios” (Gn 3,14 – Gn 22,16-18). Em se tratando de profecias no Antigo Testamento, com certeza, qualquer semelhança não é mera coincidência.

Qual o significado do sacrifício de oferendas e o sacrifício de animais no Antigo Israel? Vejamos alguns significados para os antigos israelitas.

1.      Era um reconhecimento da soberania de Deus sobre a Criação (Sl 21,1).
2.      Um sacrifício poderia ser um ato de agradecimento. A criação é dada ao homem como um presente, mas o que pode o homem dar em retribuição a Deus (Sl 116,12)?
3.      Às vezes o sacrifício servia como uma forma de solenemente selar um acordo ou juramento, uma aliança diante de Deus (Gn 21,22-32).
4.      Sacrifício também poderia ser um ato de renúncia e arrependimento dos pecados. A pessoa que oferecia o sacrifício reconhecia que seus pecados mereciam a morte, então oferecia a vida de um animal em lugar da sua própria.   

Poderíamos ir mais longe, mas agora vamos nos ater a Jesus como o Cordeiro imolado por amor a todos nós. Nenhum outro sacrifício seria capaz de selar esta aliança definitiva do amor de Deus e de sua misericórdia por nós. O sacrifício de Jesus realizou o que todo o sangue de milhões de ovelhas, touros e bodes nunca poderia fazer. (Hb 10,4). “Para expiar as ofensas contra Deus que é infinito, eterno e bondade infinita, a humanidade precisava de um sacrifício perfeito: um sacrifício tão bom e sem mácula e sem limites como o próprio Deus. E isso foi Jesus, o único que poderia “abolir o pecado através do seu próprio sacrifício” (Hb 9,26).

Finalizando:

São Paulo na Carta aos Romanos (Rm, 5) nos ensina que o pecado entrou no mundo por um só homem, Adão, e por um só homem, Jesus, nós fomos reconciliados com Deus. “O sacrifício Redentor de Cristo foi e é o ato mais importante de toda a história da humanidade.” Portanto, não se trata apenas de um fato do passado, mas Jesus estabeleceu que ele deveria ser renovado, tornado atual a cada dia. “A Revelação nos ensina isso quando Jesus Cristo Nosso Salvador na última Ceia, ou seja, na noite em que foi entregue, instituiu o sacrifício de seu Corpo e  Sangue para perpetuar até a sua vinda o Sacrifício da Cruz. Jesus Cristo confiou para sempre à ação da Igreja, sua amada esposa de tornar atual e sempre presente entre os homens o seu Sacrifício Redentor.”

No Catecismo da Igreja Católica no número 1367 diz que: “O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício. “É uma só e mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que se ofereceu a si mesmo então na cruz. Apenas a maneira de oferecer difere”³³³.

Farei ainda algumas considerações sobre este ponto no próximo texto.

Referências
O Banquete do Cordeiro. Scott Hahn. Editora Cléofas.
As Maravilhas da Santa Missa. Arautos do Evangelho.
Missa Parte por Parte. Padre Luiz Cechinato. Editora Vozes.
Catecismo da Igreja Católica. Edição Típica Vaticana. Edições Loyola.  

Um comentário:

  1. Muito bom. Instrutivo. Vale a pena perder (ganhar) um pouco de tempo e aprender mais sobre nossa doutrina para vivermos e praticarmos melhor a nossa fé. Parabéns.

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