Liturgia
da Palavra
A Liturgia
da Palavra é a segunda parte da Missa, e também a segunda mais importante,
ficando atrás, somente do Rito Sacramental, que é o auge de toda celebração.
Iniciamos
esta parte sentados, numa posição cômoda que facilita a instrução. Normalmente
são feitas três leituras (Proclamações) extraídas da Bíblia: em geral um texto
do Antigo Testamento, um texto epistolar do Novo Testamento e um texto do
Evangelho de Jesus Cristo, respectivamente. Isto, porém, não significa que será
sempre assim; às vezes a 1ª leitura cede espaço para outro texto do Novo
Testamento, como o Apocalipse, e a 2ª leitura, para um texto extraído dos Atos
dos Apóstolos; é raro acontecer, mas acontece… Fixo mesmo, apenas o Evangelho,
que será extraído do livro de Mateus, Marcos, Lucas ou João.
1. 1. Primeira
Leitura
Como já
dissemos, a Primeira Leitura costuma a ser extraída do Antigo Testamento.
Isto é
feito para demonstrar que já o Antigo Testamento previa a vinda de Jesus e que
Ele mesmo o cumpriu (cf. Mt 5,17). De fato, não poucas vezes os evangelistas
citam passagens do Antigo Testamento, principalmente dos profetas, provando que
Jesus era o Messias que estava para vir.
O (Proclamador)
leitor deve pronunciar o texto com calma e de forma clara. Por esse motivo, não
é recomendável escolher os leitores poucos instantes antes do início da missa,
principalmente pessoas que não têm o costume de frequentar aquela comunidade.
Quando isso acontece e o “leitor”, na hora da leitura, começa a gaguejar, a
cometer erros de leitura e de português, podemos ter a certeza de que, quando
ele disser: “Palavra do Senhor”, a resposta da comunidade, “Graças a Deus”, não
se referirá aos frutos rendidos pela leitura, mas sim pelo alívio do término de
tamanha catástrofe!
Ora, se a
fé vem pelo ouvido, como declara o Apóstolo, certamente o leitor deve ser uma
pessoa preparada para exercer esse ministério; assim, é interessante que a
Equipe de Celebração seja formada, também, por leitores “preparados”, ou seja,
especial e previamente selecionados.
Quem se
dirige ao Ambão não vai ler, mas Proclamar a Palavra de Deus. Porque ler é
passar os olhos pelas letras, juntá-las e falar. Mas quando se Proclama a
Palavra deixamos que ela passe pelo coração, antes de saboreá-la, meditá-la e
escutá-la primeiro. Por isso a preparação é necessária. Não se escolhe alguém
para Proclamar a Palavra de Deus em cima da hora. Outra dica é que não precisa
dizer 1ª Leitura. É questão de lógica, se nenhuma leitura foi proclamada antes,
obrigatoriamente esta será a 1ª, e não a 2ª ou a 3ª. Quando for Proclamar a
Palavra de Deus, fazer uma reverência antes e após a Proclamação.
2. 2. Salmo
Responsorial
O Salmo Responsorial
também é retirado da Bíblia, quase sempre (em 99% dos casos) do livro dos
Salmos. Muitas comunidades recitam-no, mas o correto mesmo é cantá-lo… Por isso
uma ou outra comunidade possui, além do cantor, um salmista, já que muitas
vezes o salmo exige certa criatividade e espontaneidade, uma vez que as
traduções do hebraico (ou grego) para o português nem sempre conseguem manter a
métrica ou a beleza do original.
Assim,
quando cantado, acaba lembrando um pouco o canto gregoriano e, em virtude da
dificuldade que exige para sua execução, acaba sendo simplesmente – como já
dissemos – recitado (perdendo mais ainda sua beleza).
Não é
Salmo de Resposta, mas Salmo Responsorial. É Responsorial porque é proclamado
entre a assembleia e o solista, portanto dialogal, alternado, intercalado.
Não se
deve omitir o Salmo porque está intimamente ligado e reflete as Leituras do dia,
sobretudo a Primeira.
3. 3. Segunda
Leitura
Da mesma
forma como a Primeira Leitura tem como costume usar textos do Antigo
Testamento, a Segunda Leitura tem como característica extrair textos do Novo
Testamento, das Cartas escritas pelos Apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro, João e
Judas), mais notadamente as escritas por São Paulo.
Esta Leitura
tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo ensinamento dos Apóstolos dirigido
às comunidades cristãs.
A Segunda Leitura deve ser encerrada de modo idêntico ao da primeira leitura, com o leitor exclamando: “Palavra do Senhor!” e a comunidade respondendo com: “Graças a Deus!”.
4. 4. Canto
de Aclamação ao Evangelho
Feito o
comentário ao Evangelho, a assembleia a se põe de pé, para aclamar as palavras
de Jesus. O Canto de Aclamação tem como característica distintiva a palavra
“Aleluia”, um termo hebraico que significa “louvai o Senhor”. Na verdade,
estamos felizes em poder ouvir as palavras de Jesus e estamos saudando-O como
fizeram as multidões quando Ele adentrou Jerusalém no domingo de Ramos.
Percebemos, assim, que o Canto de Aclamação, da mesma forma que o Hino de Louvor, não pode ser cantado sem alegria, sem vida. Seria como se não confiássemos Naquele que dá a vida e que vem até nós para pregar a palavra da Salvação. O Canto deve ser tirado do Lecionário, pois se identifica com a leitura do dia, por isso não se pode colocar qualquer música como aclamação, não basta que tenha a palavra aleluia.
Comprovando
este nosso ponto de vista está o fato de que durante o tempo da Quaresma e do
Advento, tempos de preparação para a alegria maior, também a palavra “Aleluia”
não aparece no Canto de Aclamação ao Evangelho.
5.5. Evangelho
Antes de
iniciar a Proclamação do Evangelho, se estiver sendo feito uso de incenso, o
sacerdote ou o diácono (depende de quem for Proclamar o Evangelho), incensará a
Bíblia ou o Evangeliário e, logo a seguir, iniciará a Proclamação.
O texto
do Evangelho é sempre retirado dos livros canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e
João, e jamais pode ser omitido. É falta gravíssima não proceder a leitura do
Evangelho ou substituí-lo pela leitura de qualquer outro texto, inclusive
bíblico.
Ao
encerrar a Proclamação do Evangelho, o sacerdote ou diácono profere a
expressão: “Palavra da Salvação!” e toda a comunidade glorifica ao Senhor,
dizendo: “Glória a vós, Senhor!”. Neste momento, o sacerdote ou diácono, em
sinal de veneração à Palavra de Deus, beija a Bíblia (rezando em silêncio:
“Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados”) e todo o
povo pode voltar a se sentar.
6.6. Homilia
A homilia
nos recorda o Sermão da Montanha, quando Jesus subiu o Monte das Oliveiras para
ensinar todo o povo reunido. Observe-se que o altar já se encontra, em relação
aos bancos onde estão os fiéis, em ponto mais alto, aludindo claramente a esse
episódio.
Da mesma
forma como Jesus ensinava com autoridade, após sua ascensão, a Igreja recebeu a
incumbência de pregar a todos os povos e ensinar-lhes a observar tudo aquilo
que Cristo pregou. A autoridade de Cristo foi, portanto, passada à Igreja.
A homilia
é o momento em que o sacerdote, como homem de Deus, traz para o presente aquela
Palavra pregada por Cristo há dois mil anos. Portanto, “sua função é atualizar a Palavra de Deus, fazendo a ligação da palavra
escutada com a vida e a celebração.” Neste momento, devemos dar ouvidos aos
ensinamentos do sacerdote, que são os mesmos ensinamentos de Cristo, pois foi o
próprio Cristo que disse: “Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim
rejeita” (Lc 10,16). Logo, toda a comunidade deve prestar atenção às palavras
do sacerdote.
A homilia
é obrigatória aos domingos e nas solenidades da Igreja. Nos demais dias, ela
também é recomendável, mas não obrigatória.
Não a chamamos mais Pregação ou Sermão, mas Homilia.
7.7. Profissão
de Fé (Credo)
Encerrada
a homilia, todos ficam em pé para recitar o Credo. Este nada mais é do que um
resumo da fé católica, que nos distingue das demais religiões. É como que um
juramento público, como nos lembra o Pe. Luiz Cechinato.
Embora
existam outros Credos católicos, expressando uma única e mesma verdade de fé,
durante a Missa costuma-se a recitar o Símbolo dos Apóstolos, oriundo do séc.
I, ou o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, do séc. IV. O primeiro é mais
curto, mais simples; o segundo, redigido para eliminar certas heresias a
respeito da divindade de Cristo, é mais longo, mais completo. Na prática, usa-se
o segundo nas grandes solenidades da Igreja.
8.8.
Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis
A Oração
da Comunidade ou Oração dos Fiéis, como também é conhecida, marca o último ato
da Liturgia da Palavra. Nela toda a comunidade apresenta suas súplicas ao
Senhor e intercede por todos os homens.
Alguns
pedidos não devem ser esquecidos pela comunidade:
As necessidades da Igreja
As autoridades públicas
A paz e a salvação do mundo inteiro
As necessidades da Comunidade Local
As autoridades públicas
A paz e a salvação do mundo inteiro
As necessidades da Comunidade Local
A
introdução e o encerramento da Oração da Comunidade devem ser feitas pelo
sacerdote. Quando possível, devem ser feitos espontaneamente. As preces podem
ser feitas pelo comentarista, mas o ideal é que sejam feitas pela equipe de
Liturgia, ou ainda pelos próprios fiéis. Cada prece deve terminar com
expressões como: “Rezemos ao Senhor”, entre outras, para que a comunidade possa
responder com: “Senhor, escutai a nossa prece” ou “Ouvi-nos, Senhor”
Quando o
sacerdote conclui a Oração da Comunidade, dizendo, por exemplo: “Atendei-nos, ó
Deus, em vosso amor de Pai, pois vos pedimos em nome de Jesus Cristo, vosso
Filho e Senhor nosso”. A assembléia encerra com um: “Amém!”.
REFERÊNCIAS
Missa Parte por Parte. Padre Luiz Cechinato.
Editora Vozes.
Para entender e Celebrar a Liturgia. Felipe Aquino.
Editora Cléofas.
Evite Erros na Celebração Litúrgica. Edes Andrade
Pereira. Editora Partilha
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