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Por Adhemir Marthins

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quinta-feira, 30 de julho de 2015

MISSA PARTE POR PARTE (3)

Liturgia da Palavra

A Liturgia da Palavra é a segunda parte da Missa, e também a segunda mais importante, ficando atrás, somente do Rito Sacramental, que é o auge de toda celebração.
Iniciamos esta parte sentados, numa posição cômoda que facilita a instrução. Normalmente são feitas três leituras (Proclamações) extraídas da Bíblia: em geral um texto do Antigo Testamento, um texto epistolar do Novo Testamento e um texto do Evangelho de Jesus Cristo, respectivamente. Isto, porém, não significa que será sempre assim; às vezes a 1ª leitura cede espaço para outro texto do Novo Testamento, como o Apocalipse, e a 2ª leitura, para um texto extraído dos Atos dos Apóstolos; é raro acontecer, mas acontece… Fixo mesmo, apenas o Evangelho, que será extraído do livro de Mateus, Marcos, Lucas ou João.

1. 1. Primeira Leitura

Como já dissemos, a Primeira Leitura costuma a ser extraída do Antigo Testamento.
Isto é feito para demonstrar que já o Antigo Testamento previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o cumpriu (cf. Mt 5,17). De fato, não poucas vezes os evangelistas citam passagens do Antigo Testamento, principalmente dos profetas, provando que Jesus era o Messias que estava para vir.

O (Proclamador) leitor deve pronunciar o texto com calma e de forma clara. Por esse motivo, não é recomendável escolher os leitores poucos instantes antes do início da missa, principalmente pessoas que não têm o costume de frequentar aquela comunidade. Quando isso acontece e o “leitor”, na hora da leitura, começa a gaguejar, a cometer erros de leitura e de português, podemos ter a certeza de que, quando ele disser: “Palavra do Senhor”, a resposta da comunidade, “Graças a Deus”, não se referirá aos frutos rendidos pela leitura, mas sim pelo alívio do término de tamanha catástrofe!

Ora, se a fé vem pelo ouvido, como declara o Apóstolo, certamente o leitor deve ser uma pessoa preparada para exercer esse ministério; assim, é interessante que a Equipe de Celebração seja formada, também, por leitores “preparados”, ou seja, especial e previamente selecionados.

Quem se dirige ao Ambão não vai ler, mas Proclamar a Palavra de Deus. Porque ler é passar os olhos pelas letras, juntá-las e falar. Mas quando se Proclama a Palavra deixamos que ela passe pelo coração, antes de saboreá-la, meditá-la e escutá-la primeiro. Por isso a preparação é necessária. Não se escolhe alguém para Proclamar a Palavra de Deus em cima da hora. Outra dica é que não precisa dizer 1ª Leitura. É questão de lógica, se nenhuma leitura foi proclamada antes, obrigatoriamente esta será a 1ª, e não a 2ª ou a 3ª. Quando for Proclamar a Palavra de Deus, fazer uma reverência antes e após a Proclamação.

2. 2. Salmo Responsorial

O Salmo Responsorial também é retirado da Bíblia, quase sempre (em 99% dos casos) do livro dos Salmos. Muitas comunidades recitam-no, mas o correto mesmo é cantá-lo… Por isso uma ou outra comunidade possui, além do cantor, um salmista, já que muitas vezes o salmo exige certa criatividade e espontaneidade, uma vez que as traduções do hebraico (ou grego) para o português nem sempre conseguem manter a métrica ou a beleza do original.

Assim, quando cantado, acaba lembrando um pouco o canto gregoriano e, em virtude da dificuldade que exige para sua execução, acaba sendo simplesmente – como já dissemos – recitado (perdendo mais ainda sua beleza).

Não é Salmo de Resposta, mas Salmo Responsorial. É Responsorial porque é proclamado entre a assembleia e o solista, portanto dialogal, alternado, intercalado.
Não se deve omitir o Salmo porque está intimamente ligado e reflete as Leituras do dia, sobretudo a Primeira. 

3. 3. Segunda Leitura

Da mesma forma como a Primeira Leitura tem como costume usar textos do Antigo Testamento, a Segunda Leitura tem como característica extrair textos do Novo Testamento, das Cartas escritas pelos Apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas), mais notadamente as escritas por São Paulo.

Esta Leitura tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo ensinamento dos Apóstolos dirigido às comunidades cristãs.

A Segunda Leitura deve ser encerrada de modo idêntico ao da primeira leitura, com o leitor exclamando: “Palavra do Senhor!” e a comunidade respondendo com: “Graças a Deus!”.

4. 4. Canto de Aclamação ao Evangelho

Feito o comentário ao Evangelho, a assembleia a se põe de pé, para aclamar as palavras de Jesus. O Canto de Aclamação tem como característica distintiva a palavra “Aleluia”, um termo hebraico que significa “louvai o Senhor”. Na verdade, estamos felizes em poder ouvir as palavras de Jesus e estamos saudando-O como fizeram as multidões quando Ele adentrou Jerusalém no domingo de Ramos.

Percebemos, assim, que o Canto de Aclamação, da mesma forma que o Hino de Louvor, não pode ser cantado sem alegria, sem vida. Seria como se não confiássemos Naquele que dá a vida e que vem até nós para pregar a palavra da Salvação. O Canto deve ser tirado do Lecionário, pois se identifica com a leitura do dia, por isso não se pode colocar qualquer música como aclamação, não basta que tenha a palavra aleluia.

Comprovando este nosso ponto de vista está o fato de que durante o tempo da Quaresma e do Advento, tempos de preparação para a alegria maior, também a palavra “Aleluia” não aparece no Canto de Aclamação ao Evangelho.

5.5. Evangelho

Antes de iniciar a Proclamação do Evangelho, se estiver sendo feito uso de incenso, o sacerdote ou o diácono (depende de quem for Proclamar o Evangelho), incensará a Bíblia ou o Evangeliário e, logo a seguir, iniciará a Proclamação.

O texto do Evangelho é sempre retirado dos livros canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e jamais pode ser omitido. É falta gravíssima não proceder a leitura do Evangelho ou substituí-lo pela leitura de qualquer outro texto, inclusive bíblico.

Ao encerrar a Proclamação do Evangelho, o sacerdote ou diácono profere a expressão: “Palavra da Salvação!” e toda a comunidade glorifica ao Senhor, dizendo: “Glória a vós, Senhor!”. Neste momento, o sacerdote ou diácono, em sinal de veneração à Palavra de Deus, beija a Bíblia (rezando em silêncio: “Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados”) e todo o povo pode voltar a se sentar.

6.6. Homilia

A homilia nos recorda o Sermão da Montanha, quando Jesus subiu o Monte das Oliveiras para ensinar todo o povo reunido. Observe-se que o altar já se encontra, em relação aos bancos onde estão os fiéis, em ponto mais alto, aludindo claramente a esse episódio.

Da mesma forma como Jesus ensinava com autoridade, após sua ascensão, a Igreja recebeu a incumbência de pregar a todos os povos e ensinar-lhes a observar tudo aquilo que Cristo pregou. A autoridade de Cristo foi, portanto, passada à Igreja.

A homilia é o momento em que o sacerdote, como homem de Deus, traz para o presente aquela Palavra pregada por Cristo há dois mil anos. Portanto, “sua função é atualizar a Palavra de Deus, fazendo a ligação da palavra escutada com a vida e a celebração.” Neste momento, devemos dar ouvidos aos ensinamentos do sacerdote, que são os mesmos ensinamentos de Cristo, pois foi o próprio Cristo que disse: “Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10,16). Logo, toda a comunidade deve prestar atenção às palavras do sacerdote.

A homilia é obrigatória aos domingos e nas solenidades da Igreja. Nos demais dias, ela também é recomendável, mas não obrigatória.
Não a chamamos mais Pregação ou Sermão, mas Homilia.

7.7. Profissão de Fé (Credo)

Encerrada a homilia, todos ficam em pé para recitar o Credo. Este nada mais é do que um resumo da fé católica, que nos distingue das demais religiões. É como que um juramento público, como nos lembra o Pe. Luiz Cechinato.

Embora existam outros Credos católicos, expressando uma única e mesma verdade de fé, durante a Missa costuma-se a recitar o Símbolo dos Apóstolos, oriundo do séc. I, ou o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, do séc. IV. O primeiro é mais curto, mais simples; o segundo, redigido para eliminar certas heresias a respeito da divindade de Cristo, é mais longo, mais completo. Na prática, usa-se o segundo nas grandes solenidades da Igreja.

8.8. Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis

A Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis, como também é conhecida, marca o último ato da Liturgia da Palavra. Nela toda a comunidade apresenta suas súplicas ao Senhor e intercede por todos os homens.

Alguns pedidos não devem ser esquecidos pela comunidade:

As necessidades da Igreja
As autoridades públicas
A paz e a salvação do mundo inteiro
As necessidades da Comunidade Local

A introdução e o encerramento da Oração da Comunidade devem ser feitas pelo sacerdote. Quando possível, devem ser feitos espontaneamente. As preces podem ser feitas pelo comentarista, mas o ideal é que sejam feitas pela equipe de Liturgia, ou ainda pelos próprios fiéis. Cada prece deve terminar com expressões como: “Rezemos ao Senhor”, entre outras, para que a comunidade possa responder com: “Senhor, escutai a nossa prece” ou “Ouvi-nos, Senhor”

Quando o sacerdote conclui a Oração da Comunidade, dizendo, por exemplo: “Atendei-nos, ó Deus, em vosso amor de Pai, pois vos pedimos em nome de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso”. A assembléia encerra com um: “Amém!”.

REFERÊNCIAS

Missa Parte por Parte. Padre Luiz Cechinato. Editora Vozes.
Para entender e Celebrar a Liturgia. Felipe Aquino. Editora Cléofas.
Evite Erros na Celebração Litúrgica. Edes Andrade Pereira. Editora Partilha

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