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Por Adhemir Marthins

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terça-feira, 1 de setembro de 2015

DEUS NÃO ESTÁ MORTO!


Ontem começamos um debate com os adolescentes da Crisma e que se estenderá na Catequese com os Adultos sobre o filme DEUS NÃO ESTÁ MORTO, uma produção protestante que fez relativo sucesso nos Estados Unidos e que tem suscitado debates calorosos.

A FÉ na existência de Deus. Esta é a temática do filme, onde o jovem Josh Wheaton (Shane Harper) entra na universidade, e conhece um arrogante professor de Filosofia Jeffrey Radisson (Kevin Sorbo) que não acredita em Deus. Um professor que está mais para alguém revoltado com Deus do que um ateu propriamente dito. O aluno reafirma sua fé, e é desafiado pelo professor a comprovar a existência de Deus diante da classe. Começa uma batalha entre os dois homens, que estão dispostos a tudo para justificar o seu ponto de vista, até se afastar das pessoas mais importantes para eles.

Antes, porém de começarmos a reflexão sobre as possibilidades positivas e negativas do filme, fiz questão, de preparar o terreno para o debate fazendo análise do pensamento filosófico do final do século XVIII e XIX. Sem isso, penso, a discussão ficaria manca. Primeiro precisaríamos entender o porquê do título do filme: DEUS NÃO ESTÁ MORTO. 

Sem adentrarmos nos pretextos, contextos e textos e em muitas das diversas falácias filosóficas, mesmo que pontuando algumas (Marx, Freud, Sartre, Camus, Monod) e com um dos mais famosos representantes da frase em questão do filósofo alemão Friedich Nietzsche que, categoricamente, afirmou em seus livros “A Gaia Ciência” e principalmente em “Assim falou Zaratustra”, que “Deus está Morto”, passamos então a analisar o filme sob a luz da Fé Católica.

O que não podíamos esquecer era o ponto de partida, a de que a Reforma Protestante, influenciada pelo Renascimento, deu início ao liberalismo e ao relativismo religioso que hoje assola o mundo e a igreja. Como estamos imersos em um discurso que desconstrói a dignidade humana em seus vários contextos, achei interessante situá-los quanto a isso.  Se em algum momento da história os reformadores disseram “não” a Igreja, (Os reformistas do Século XVI) outros viriam para validar este não, mas abrindo possibilidades de também dizer “não” a Deus (os ateus do século XIX) hoje, inseridos num mundo Pós Moderno amparados por um relativismo permissivo, estamos dizendo “não” ao próprio homem. Subjetivamente estamos construindo velozmente uma sociedade sem sentido, ancorada em seus vários discursos, onde a verdade é relativa e que tem nos levado à areia movediça de uma crise de valores. 

O filme tem lá suas deficiências, mas apresenta uma boa possibilidade de discussão. DEUS NÃO ESTÁ MORTO tem um enredo interessantíssimo e muito atual. A perseguição ao cristianismo já adentrou os espaços culturais há um bom tempo e é constatada, especialmente, dentro das escolas e universidades. Quem diria que a Igreja Católica e o cristianismo, os verdadeiros responsáveis pela criação de algumas das principais bases da civilização ocidental, fossem tão perseguidos e difamados dentro dos próprios espaços da Academia. Milhares de jovens acadêmicos cristãos relatam, constantemente, o desprezo e até o isolamento que vivem pelo simples fato de professarem e defenderem sua Fé, fruto de uma injustiça histórica e também anacrônica que condena o cristianismo como religião obscurantista e alheia ao uso da Razão. Neste sentido, é sempre bom recordar as sábias e santas palavras de São João Paulo II, na Encíclica Fides et Ratio: “A Fé e a Razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a Ele, para que, conhecendo-o e amando-o, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.”
 
O filme em si nos remete a um debate filosófico sobre a FÉ em algo atemporal, mas o que é a FÉ, o que é a Razão? Esta é a questão. O filme possibilita então uma abertura e nos impele a pensarmos sobre a nossa condição de homens e mulheres livres. O ser humano é livre por natureza e todas as suas escolhas, são opções de sua inteira responsabilidade, ainda que, por vezes, não consiga ou não queira enxergar as consequências que decorrem da liberdade dada por Deus. Muitas vezes, somos acometidos, atormentados e nos permitimos sofrer diversas dores e outras coisas, reclamamos que “Deus nos abandou”, que Ele não ouve as nossas orações, que não é capaz de se compadecer de nós e das nossas dificuldades… E começamos a cambalear na Fé. Alguns até chegam ao ponto de afirmarem que “perderam-na”. Ora, em se tratando de Fé, como já dizia Santo Agostinho, em uma de suas cartas, “não há como perder o que nunca teve. Quem afirma que a perdeu é porque, certamente, nunca a encontrou verdadeiramente”. Portanto, a Fé é um exercício permanente de CRER e CONFIAR em algo que não podemos ver. A FÉ não é SENTIR. A FÉ também não é acreditarmos em algo que não existe. A Fé é justamente apontarmos para uma segurança em algo ou alguém neste universo que não podemos ver. Se pudéssemos vê-lo já não seria Fé. Seria interessante aqui uma leitura das quatro causas fundamentais para a existência das coisas pensadas por Aristóteles ( A Causa Material, A Causa Formal, A Causa Eficiente e a Causa Final), e também uma leitura, mesmo que mínima das cinco teorias ou cinco teses em que Santo Tomás de Aquino procura provar racionalmente a existência de Deus.

De qualquer forma, ao final do debate é perceptível nos adolescentes uma análise do filme, ainda que de alguns poucos de forma superficial. Todos assistiram ao filme, mas com certeza da forma como estamos acostumados e adestrados, ou seja, como entretenimento.  Seria interessante que depois do bate papo o filme fosse revisto e agora com uma introdução, um aporte histórico e filosófico construíssem a partir dele uma reflexão própria. É preciso pensar, refletir, sobre os pontos propostos. Às vezes pensar dói, mas é necessário. Nossos adolescentes e jovens infelizmente no contexto da Pós Modernidade não é motivada a pensar e muitas vezes não querem fazer isso. Tudo está pronto e de forma volúvel, passageira, líquida. Não é necessário nenhum investimento. O Discurso da Pós Modernidade é este... Apenas este.

Ao final, disse a eles para que pensem por si mesmos, mas ancorados em valores sólidos. Que não se deixem serem sequestrados em suas identidades, e que continuem exercitando a sua Fé em Jesus Cristo, a única VERDADE possível, a única possibilidade para escaparmos do Caos que o próprio homem vem ao longo da história construindo. Portanto, como nos diz a Sagrada Escritura, o Manual de Instrução com o qual viemos para este mundo, Jesus Cristo é o único CAMINHO, a única VERDADE e a única VIDA.    

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