Ontem, último domingo do mês de Setembro celebramos o dia da Bíblia. Certamente durante este mês ouvimos sempre alguma palavra sobre ela, alguma informação que não sabíamos, mas em se tratando da Palavra de Deus, de sua Carta endereçada a cada um de nós, é necessário que continuemos permanentemente em contato com ela, porque "toda a Escritura é inspirada por Deus, é útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça" (2Tm 3,16). Portanto ela é um instrumento indispensável para a nossa santificação.
Abaixo uma pequena Catequese para conhecermos um pouco mais a Sagrada Escritura.
Se não fosse a Igreja Católica, não
existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 72 livros canônicos, isto
é, inspirados pelo Espírito Santo.
“Foi a Tradição apostólica que fez a
Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros
Sagrados” (Dei Verbum 8).
Portanto, sem a Tradição da Igreja não
teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no
Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja
Católica”(CIC,119).
Por que a Bíblia católica é diferente da protestante?
Esta tem apenas 66 livros porque Lutero
e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias,
Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus,
além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14.
No ano 100 o Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes):
(1) deveria ter sido escrito na Terra Santa;
(2) escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego;
(3) escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
(4) sem contradição com a Torá ou lei de Moisés.
Versão dos Setenta: Alexandria – 200
anos antes de Cristo, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por
critérios nacionalistas, rejeitaram. Havia então no início do
Cristianismo duas Bíblias judaicas: uma da Palestina (restrita) e a
Alexandrina (completa – Versão dos LXX).
Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela
Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os
livros rejeitados em Jâmnia.
Das 350 citações do Antigo Testamento
que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o
uso da Bíblia completa pelos apóstolos.
Verificamos também que nos livros do
Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da
Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9;
Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt
11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb
12,15.
Nos mais antigos escritos dos santos
Padres da Igreja (patrística) os livros rejeitados pelos protestantes
(deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura.
São Clemente de Roma, Papa, no ano de 95
escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos
de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.
Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2 Macabeus;
Santo Hipólito (†234), comenta o Livro
de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos
protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e
2 Macabeus.
Vários Concílios confirmaram isto: os
Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV
(419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença
(1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870).
Lutero, ao traduzir a Bíblia para o
alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição
de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX
incluíam os sete livros nas edições da Bíblia.
“Pela Tradição torna-se conhecido à
Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas
Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se
fazem sem cessar, atuantes.” (DV,8).
A Bíblia não define o seu catálogo; isto
é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o índice dela. Assim, este
só pode ter sido feito pela Tradição dos apóstolos, pela tradição oral
que de geração em geração chegou até nós.
A Vulgata – O Papa São Dâmaso (366-384),
no século IV, pediu a S.Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas
traduções latinas que havia da Bíblia. São Jerônimo revisou o texto
grego do Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento,
dando origem ao texto latino chamado de Vulgata, usado até hoje.
Fonte: A Sagrada Escritura. Prof. Felipe Aquino. Editora Cléofas.
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