Por
que a Igreja no Brasil está banindo o álcool de suas festas e promoções?
Porque são muitas as pessoas que, ao participarem delas, se embriagam, com
conseqüências maléficas para si mesmas, para a comunidade, para a família, para
a sociedade. Quantas mortes, acidentes e brigas já aconteceram por que alguém
bebeu mais do que devia numa festa religiosa? Já passou o tempo de colocar um
ponto final nessa tragédia que escandaliza e fere a todos nós. Todas as pessoas que participam das festas
e promoções se embriagam? Não. Muitas não ingerem bebidas alcoólicas, e
outras bebem com moderação. Para uns, alguns goles trazem poucos transtornos,
para outros basta uns poucos para que percam o controle de si mesmos. Bom, se são poucos os que se embriagam, por que
a Igreja está banindo totalmente o álcool dos eventos que promove? Pelos
seguintes motivos:
1.
A vida é sagrada. Sempre que ela é
ferida, diminuída ou destruída, prejudicamos àqueles a quem devemos amar
incondicionalmente, inclusive a nós mesmos. Quem peca contra a vida agride ao
outro e a Deus.
2.
O álcool é droga que mata. Como podemos
celebrar a vida oferecendo o que conduz à morte? E isso em nome da
evangelização?
3.
Se uma pessoa tem sua vida diminuída ou,
pior ainda, destruída, a festa como um todo, por melhor que tenha sido, se
torna instrumento de morte.
4.
O fim não justifica os meios. Isto é,
alimentar o vício não justifica a arrecadação ou até mesmo a confraternização –
necessárias para desenvolver a ação evangelizadora.
5.
Pode acontecer que alguém aprenda a
ingerir bebidas alcoólicas nas festas de Igreja, já que elas são quase
“familiares” e onde a vigilância é menor do que em outras festas sem que pais
ou responsáveis pela festa percebam.
6.
Porque uma ou poucas pessoas
embriagadas, numa festa de Igreja, além do escândalo que causam e da vergonha
que trazem à família, atingem diretamente a credibilidade da Igreja enquanto
Instituição e como comunidade que tem o dever de preservar e promover a vida.
Mas
se não se embriagarem nas festas das comunidades, irão se embriagar em outros
lugares? É verdade. Porém, a Igreja é comunidade, espaço e
lugar de vida. Por isso ela deve agir com coerência, sem alegar que em outros
lugares há bebida alcoólica à vontade. Além da coerência, a Igreja é SINAL que
chama a atenção da sociedade em que está inserida para o perigo das bebidas
alcoólicas. Outra pergunta ainda pode ser feita para justificar um erro, a
contradição. A extinção de bebidas
alcoólicas nas festas de Igrejas não diminuirá a arrecadação que sustenta a
evangelização e as obras em andamento? Não, porque muitas comunidades já
fizeram a experiência e, não só não tiveram diminuição na arrecadação, como
ainda criaram um ambiente mais familiar e fraterno, fazendo da festa uma
celebração da vida. A reflexão necessária a ser feita é que a comunidade deve
investir mais no dízimo e nas ofertas espontâneas, assumindo de forma
corresponsável a missão de evangelizar. Se
até aqui resistimos e buscamos argumentações contrárias, com a palavra os
Bispos do Brasil:
“A Paróquia como
comunidade servidora e protetora da vida, tem condições de favorecer a educação
para o pleno exercício da cidadania e implantar uma pastoral em defesa da
integridade da Terra e do cuidado com a biodiversidade. Algumas iniciativas não
são fáceis de serem aplicadas, mas são urgentes. Uma delas é evitar a comercialização e o consumo de
álcool nos espaços da comunidade. Especialmente nas festas dos padroeiros e
outros eventos religiosos, a venda de bebida alcoólica contrasta com os
programas de defesa da vida e combate a drogadização que a Igreja promove. Uma das drogas mais ameaçadoras da sociedade
é o álcool. Entretanto, algumas Paróquias, em razão de questões
financeiras, obras em andamento, culturais ou porque ‘sempre foi assim’ caem
nessa contradição grave. Será preciso encontrar saídas alternativas para a
manutenção da comunidade, como a partilha do dízimo. É urgente a conversão das
comunidades paroquiais para evitar o contratestemunho de promover o consumo de
álcool em quermesses ou outras atividades recreativas da comunidade.” (CNBB,
Comunidade de comunidades: uma nova paróquia/A conversão pastoral da paróquia,
Edições CNBB, 2014, nn. 285-286).
FONTE: Coleção
Questionamentos. Padre Cristovam Iubel. Editora Pão e Vinho.
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