O que significa participação da Liturgia?
Participar, como sabemos, é tomar parte. Participar da Liturgia significa tomar
parte, ter parte da Obra de Deus da Salvação.
O Concílio Vaticano II, no Documento sobre a
Sagrada Liturgia, chamado Sacrosanctum Concilium, diz que o povo de
Deus, todo ele povo sacerdotal, real e profético tem o dever e o direito de
participar de maneira consciente, ativa e plena da Sagrada Liturgia (Cf. SC
14).
O objetivo dessa participação é a participação
eficaz ou frutuosa. Esta participação frutuosa ou eficaz consiste na realização
da comunicação com Deus, na vivência do mistério celebrado.
Então, para que possa haver participação frutuosa é
necessário, em primeiro lugar, que ela seja consciente. O povo, os fiéis saibam
o que celebram. Isso é função da Catequese, da formação cristã e da iniciação à
vida litúrgica.
Depois, esta participação deverá ser ativa. A
assembleia e cada membro da assembleia participam ativamente não só falando e
cantando. Participação ativa não é apenas participação oral ou através da
palavra, mas através de todas as faculdades e sentidos.
Assim, a participação
pode ser também através da escuta, ouvindo a palavra de Deus ou acompanhando,
em silêncio, as orações. Entra-se em comunhão com o mistério celebrando através
da vista, contemplando os gestos, os movimentos, os objetos e o próprio espaço
de celebração. Reza-se também pelo olfato e pelo paladar. O rito litúrgico faz
uso também do sentido do tato. Acolhe-se o mistério no silêncio profundo da
mente e do coração.
Claro que o meio ou a linguagem mais usada na
Liturgia é a palavra, seja ela a Palavra de Deus ou a palavra da Igreja. A
palavra da Igreja se dá através das orações, dos diálogos, das aclamações, das
fórmulas sacramentais, das bênçãos, das ladainhas, das preces. Os textos podem
ser recitados, proclamados ou cantados.
Importa, porém, cantar os textos litúrgicos,
pelos quais se comemoram os mistérios celebrados e não qualquer coisa em
qualquer lugar. O grupo de cantores faz parte da assembleia, toda ela
celebrante. Ele ajuda toda a assembléia a cantar. Canta com a assembleia e não
para a assembleia.
Sendo a participação ativa tão ampla, é totalmente
contra o espírito da Sagrada Liturgia transformar a assembleia celebrante em
plateia de show ou de espetáculo.
Convém que na Liturgia da Missa, sobretudo, nos
domingos e festas solenes, haja canto. Mas, é preciso cantar a Missa e não na
Missa. Pode-se cantar maior ou menor número de textos.
Pode, pois, haver três níveis ou graus de Missa com
canto.
O primeiro nível de Missa cantada é o diálogo
cantado entre o Sacerdote presidente ou os ministros e a assembleia. O segundo
grau ou nível de Missa cantada é o primeiro, mais as partes que são cantadas
por todos, chamadas partes Comuns da Missa, como o Senhor, o Glória, o Creio, o
Santo e o Cordeiro de Deus. Só depois vem o terceiro grau de Missa cantada: o
primeiro, o segundo e as partes próprias de cada Missa, dos Domingos e dos
Tempos litúrgicos, como o Canto da Entrada, das Oferendas e da Comunhão.
Muita coisa terá que ser feito ainda para que isso
aconteça e haja uma participação consciente, ativa e plena da Sagrada Liturgia,
para que haja uma participação frutuosa ou eficaz. Eis a função da Catequese,
de toda a Pastoral litúrgica, incluindo a formação musical dos seminaristas,
dos sacerdotes e de todo o povo fiel.
Frei
Alberto Beckhäuser, OFM
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