Cabe
explicitar que este “mistério” não é um segredo inatingível. O Novo
Testamento define “mistério” como o desígnio divino oculto em Deus desde
todos os séculos (Ef 3,9), agora revelado em Jesus Cristo (Cl 1,26-27).
Portanto, ser conduzido ao mistério é encontrar-se com a pessoa de
Jesus Cristo, acolhendo o desígnio do Pai na força do Espírito Santo. A
experiência cristã, portanto, não é um sentimentalismo vazio, nem um
mero aprendizado teórico, mas a experiência viva que leva o fiel a
aderir ao Reino de Deus, o projeto do Pai, assumindo a dinâmica
renovadora da Páscoa: o mistério de morte e ressurreição (Rm 6,8-11; Fl
3,10-11).
Caminhos mistagógicos
O
catequista mistagogo é aquele que se encontrou com o Senhor, assumiu o
seu projeto em sua prática de vida e deseja, por um ímpeto interno,
anunciar a experiência realizada (1Cor 9,16). Portanto, não basta mudar
os métodos, se não tivermos catequistas que transmitam a verdadeira
experiência de encontro com Cristo.
Três são os caminhos que contribuem para uma catequese mistagógica:
a) Oração.
A catequese deve ser “permeada por um clima de oração” (DGC 85). O
encontro catequético não deve se parecer com uma aula ou palestra, mas
deve ser um espaço aberto para o diálogo com Deus. Qualquer conteúdo
exposto deve ser interiorizado pela prece, sobretudo valorizando-se a
espontaneidade e a criatividade.
b) Liturgia.
Segundo o Concílio Vaticano II, toda a atividade da Igreja tem suas
forças arraigadas na Liturgia. A catequese deve conduzir à vivência
litúrgica, pois esta sintetiza a experiência cristã. Sobretudo aqui,
destaca-se o uso de símbolos e gestos litúrgicos, pois estes afetam
áreas do ser humano que o conteúdo racional não alcança. Uma catequese
mais celebrativa e orante traz a força do significado dos ritos para
dentro da catequese. Em nossa arquidiocese incentivamos o uso do
Itinerário Celebrativo como componente essencial do itinerário
catequético.
c) Palavra.
Tanto a tradição da Igreja como as Escrituras são fonte da Palavra de
Deus. Sobretudo, destaca-se a Bíblia, “livro por excelência da
catequese”, como fonte primordial da atividade catequética. Ainda
carecemos de uma catequese mais bíblica, do uso frequente da Escritura
nos encontros, de uma intimidade maior no uso da Bíblia por parte do
povo católico. Os documentos da Igreja têm insistido sobre a prática da
leitura orante, como um caminho eficaz para o uso da Escritura na
pastoral.
(*) Pe. Roberto Nentwig
(*) Coordenador da Comissão da Animação Bíblico-Catequética
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